Artista do norte de Minas acolhido em São Paulo, Zerzil celebra as esquinas, praças e alamedas de uma cidade pulsante sob o olhar de uma comunidade LGBTQIAP+ que cada vez mais quer seu espaço na cidade. Dessa ótica, nasce “Pink Sampa”, uma canção que reescreve o clássico de Caetano Veloso sob uma nova perspectiva e olhar.
Assista ao clipe “Pink Sampa”: https://youtu.be/u22g193V74A
Após encerrar de forma triunfal sua era Queernejo, Zerzil dá início à TRANSversão, momento que precede a nova era VIADAGEM. O projeto, que consiste na realização de versões de músicas que marcaram as últimas gerações, tem “Pink Sampa” como seu lançamento de estreia.
“A era QUEERNEJA foi um momento único na minha história, que me abriu porteiras e me apresentou a pessoas incríveis, inclusive a novas possibilidades de ‘eus’. Ela me fez fazer as pazes com parte do meu passado, com as raízes do meu sertão norte-mineiro. Eu vejo hoje o álbum ‘Queernejo’ como uma leitura pop, pelo meu olhar, do universo sertanejo. Minha era ‘Joanne’, ‘Younger Now’, ‘Speak Now’… minha era Country Music”, Zerzil conta. “Eu percebi o quanto o fato de eu ser uma pessoa queer influencia na minha vida, nas músicas que eu escuto, nas festas e lugares que eu frequento, o meu comportamento, meu jeito de amar e de existir, tudo está entrelaçado a isso. Eu quero empoderar o que há de mais viado em tudo o que eu faço, se vamos fazer música, vai ser música viada, se vou trabalhar na medicina, vai ser pra fortalecer a saúde viada, se for pra fazer bruxaria, vai ser com magia viada”.
A escolha de “Sampa” como base para esta versão e o começo desta era remonta a infância de Zerzil, onde a música sempre exerceu um fascínio especial. Inspirado pela complexidade da composição e influenciado pela sonoridade e poesia da obra de Caetano, Zerzil encontrou na canção original uma conexão com sua história e sua chegada a São Paulo.
“Eu sentia a energia da canção muito presente nesse meu período de adaptação à cidade, eu sentia que havia uma poesia escondida sob o concreto, essa poesia estava na música original de Caetano, mas eu não conseguia acessá-la naquele lugar, pois as minhas vivências eram outras, minha época era outra… Então decidi reescrever essa música, mas analisando São Paulo sob a minha ótica, contar sobre o que me atravessou nessa cidade, pois imagino que também pode ser o mesmo que atravesse outras pessoas LGBTQIAPN+ que vivem aqui ou que sonham em um dia conhecer ou viver em SP”, recorda.
Sonoramente, “Pink Sampa” combina influências da MPB com elementos do pop oitentista e uma vibe R&B, resultando em uma sonoridade que - assim como o produto final - remete ao passado, celebrando o futuro. O processo de produção envolveu Lucas Lima da Encore Produções, responsável pela produção do beat e pelos instrumentos, com a gravação realizada no estúdio da Encore em São Paulo.
No videoclipe, Zerzil assume múltiplos papeis, incluindo direção, roteiro, maquiagem, figurino e produção, enquanto contou com a colaboração de Bruna Auíry na direção, fotografia e produção, e de Giovanna Olinda e Kaleb como assistentes de direção e produção, além de atores coadjuvantes.
O resultado é uma narrativa de acolhimento e identificação para outros membros da comunidade queer que vivem ou desejam viver em São Paulo, oferecendo inspiração para construírem suas próprias histórias na cidade.
“Eu queria deixar registrado o que é ser viade em São Paulo no ano 24, o ano da viadagem. Eu queria que outres viades pudessem se identificar com essa história e se sentirem acolhides ao chegar na cidade, eu queria que eles ouvissem essa música e ganhassem forças pra construir a sua própria história aqui, como eu estou construindo a minha”, resume Zerzil.
Este é um lançamento da Peneira Musical, que atua no mercado como um selo, produtora e editora que tem o propósito de impulsionar a arte de pessoas LGBTQIAP+, pretas, acima de 50 anos e periféricas em geral, apoiando, capacitando e tornando suas carreiras sustentáveis. Foi fundada em 2020, no Rio de Janeiro, pela cantora e compositora Elisa Fernandes, mulher negra, lésbica, periférica e cria de escola de samba, cuja obra e vida se refletem no selo.